sexta-feira, setembro 15, 2006

Ridículas...

Todas as cartas de amor são ridículas, já dizia Pessoa .. Pessoa que em cada poema revelava um pouco de cada pessoa que há em nós, já que havia nele um pouco de todos... ser tão grandioso que era!
E mais ridículas ainda são as esperanças românticas com o amor acopladas, esperanças que são fantasias, mas que quando as nossas forças fraquejam tornamos esperanças, adiando o nunca para um amanhã que existe sempre...
Mas nunca deixa de ser nunca porque, a cada dia, o primeiro que faz é vestir-se de novo de amanhã... e a esperança vai-nos lançando, cheios de força, para a frente, e sem chegar já nem precisamos que chegue porque fizemos sozinhos aquilo que na esparança fariamos os dois, num acto de amor exacerbado provando ao mundo que o que disse era mentira!

E é mentira, mas o amor traz esperança e a mentira pode se-lo só amanhã... ou depois ou depois, ou depois, ou nunca se tivermos sempre esperança!

Sentimentos ridículos que nos dão esperança, em si grave, mas nada grave porque nasce da extravagância de um amor esdrúxulo...

2 comentários:

Ruben disse...

No amor nada é ridiculo...bjs

Anónimo disse...

Um outro poema tambem para ti, Treza,

"Los ojos son sismógrafos,
que detectan la duda de las hojas
y reconocen la caída de los días
mientras en el fondo del lago
afirma el loto
una disolución feliz.
No hay tiempo ni espacio, dice,
todo es abandono a la blancura
sostenido por el amor."

Clara Janés, "El libro de los pájaros".

L.F.