Recordo o ano que passou, recordo quem sou. As frases que me ficaram, que marcaram, que nos marcaram a todos que partilhámos textos, palavras, que nos unimos assim, que acreditamos juntos que a escrita não tem fim, mesmo que as palavras pareçam vazias quando o coração chora em vão, mesmo que as palavras nos parecem frias quando é difícil encontrar se há, nisso que fazemos, alguma razão.
Partilhámos aqui, no atelier de escrita, nas cartas que nos escrevemos, partilhámos, demos, entregámos, não tivemos medo nunca, confiámos em tudo de humano que se pode ter… As possibilidades de engano, a vontade de não escrever, a de escrever diferente quando a maré baixou, a de escrever diferente quando se perdoou… mas quem escreve sabe bem que tudo isso é mesmo assim. As palavras têm a vida que cada um lhe quer dar e a cada dia que passa, é uma luz que se acende, é um novo cheiro e a cada palavra que se leu é mais um sabor novo que se dá aquilo que se sentiu, àquilo que se viveu… é uma maneira nova de saber que isso já partiu, que vive lá atrás onde tem que viver, e que hoje se escreve de novo porque é aí que vamos crescer, na palavra escrita e vivida daquilo que podemos ser.
As palavras não são minhas, não são de ninguém… é verdade, mas não se engane quem pense que o que nelas vive se pode roubar. O crescimento que há na mão que escreve é de quem a põe a escrever… as palavras que escrevo… entrego…
Vivo o que tenho a viver. Nas que leio dos outros, Respeito, releio e recebo...
Vivo o que tenho a viver.