segunda-feira, agosto 21, 2006

Silêncio!

O silêncio afasta a cada palavra que escondemos dentro dos lábios fechados.

Afasta ainda mais quando na boca se enrolam coisas por dizer.

Palavras mudas que se vão mastigando com gestos suaves para não tornar o silêncio mais duro e pesado, num mastigar que não para nunca e que só engole com o grito da voz.

E com gestos leves, e em silêncio, vou de mansinho ficando mais longe, longe do mundo, longe dos outros, das palavras. Porque em silêncio elas abafam-se e tornam-se a cada dia mais difíceis de soltar, de mastigar.

E prevejo que o próximo grito seja difícil de entender. Este novelo de sons gritado, vomitado de uma vez só, seguramente enredará o que está à minha frente, deixando-me a mim ainda mais só.

E ser sozinho é muito bom quando é isso que se quer. Mas sê-lo amando alguém… Oh meu Deus, isso não é uma dor qualquer!



Eu cá gosto de ouvir, entreter-me a desempeçar, não só aquilo que oiço mas aquilo que também eu tenho para desabafar! E se o problema é a voz e ter medo de ouvir, podemos dizer baixinho sem ter que engolir!

sexta-feira, agosto 18, 2006

Sem esforço

Não tenho que lutar...

Eu não tenho que esforçar-me por um algo que tenho naturalmente, que sinto já sem ter que sentir porque é tão espontâneo que acontece ao existir.

E existo todos os dias, a cada instante, deixando amor em cada passo errante, amando tudo o que há para amar, desesperando-me por isso não chegar!

E estou triste porque a tua escolha não foi tão fácil como a minha, mas procuro forças em mim para esperar firme até esse dia. Um dia vago, lá longe, que a razão diz que nem vai existir, mas para quem ama é impossível de desistir. E eu não desisto nunca, mas sempre sem ter que lutar, porque no amor não há esforço, não há combate, só há gostar.

E na chicotada de uma mentira que bateu forte no chão, senti o estrondo profundo que me trouxe a razão. Percebi que há escolhas que me superam e que me magoam menos se eu não estiver por perto, sem pressão.

Pego nos trapos, na dor, em mim e vou para longe, longe do meu mais querido amor. Mas o amor tem um segredo, um segredo intrigante que só ele conhece, o de fazer-se sentir mesmo quando existe distante.

Eu acredito paciente nessas promessas singulares, que o amor que sinto me fez. De que me queiras perto de ti, no calor do teu corpo, que me queiras abraçar e estender isso ao comprido em todos os dias do tempo que nos falta por passar.