segunda-feira, agosto 21, 2006

Silêncio!

O silêncio afasta a cada palavra que escondemos dentro dos lábios fechados.

Afasta ainda mais quando na boca se enrolam coisas por dizer.

Palavras mudas que se vão mastigando com gestos suaves para não tornar o silêncio mais duro e pesado, num mastigar que não para nunca e que só engole com o grito da voz.

E com gestos leves, e em silêncio, vou de mansinho ficando mais longe, longe do mundo, longe dos outros, das palavras. Porque em silêncio elas abafam-se e tornam-se a cada dia mais difíceis de soltar, de mastigar.

E prevejo que o próximo grito seja difícil de entender. Este novelo de sons gritado, vomitado de uma vez só, seguramente enredará o que está à minha frente, deixando-me a mim ainda mais só.

E ser sozinho é muito bom quando é isso que se quer. Mas sê-lo amando alguém… Oh meu Deus, isso não é uma dor qualquer!



Eu cá gosto de ouvir, entreter-me a desempeçar, não só aquilo que oiço mas aquilo que também eu tenho para desabafar! E se o problema é a voz e ter medo de ouvir, podemos dizer baixinho sem ter que engolir!

1 comentário:

Anónimo disse...

Treza, um poema para ti,

Saben cuál es el punto de la noche
y que el aire
no es la negrura
sino el gozo del movimiento
cortejado por la danza,
trenzar en él
el lazo que no se anuda
y se desliza
por las ondas interiores
del silencio.

Clara Janés, "El libro de los pájaros"

L.F.